quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Star Trek - Filosofia e Ciência

Para fãs de ficção científica, incluindo eu, Star Trek, ou Jornada nas Estrelas, é muito mais do que uma simples série de TV que aborda um futuro fantástico. A primeira virtude de Jornada está na representação de um futuro onde a humanidade se apresenta como um único povo, unidos e sem quaisquer traços residuais de racismo ou preconceito ou mesmo divisões político-ideológicas. Não por acaso a primeira tripulação da nave Enterprise tinha dentre seus componentes um japonês, um russo, um alienígena e uma mulher, que embora fossem papéis menores e subalternos, eram fatos incríveis para a época.
No caso do Tenente Hikaru Sulo, cujo ator George Takei, era descendente de japoneses, a estranheza ainda decorria dos rescaldos da 2ª Guerra Mundial. Apesar do tempo decorrido os americanos não haviam esquecido Pearl Habor e um piloto japonês ainda remetia aos famigerados kamikazes e seu rasantes suicidas. Sua história inclusive está muito ligada a esses fatos, pois sua família, esteve entre os muitos imigrantes japoneses detidos no campo de concentração de Tule Lake War Relocation.

O Alferes Pavel Chekov, interpretado pelo jovem Walter Koening, era o improvável navegador de carregado sotaque russo. Embora não destilasse qualquer propaganda comunista na série, sua mera presença já causava assombro. Os russos eram o grande inimigo dos EUA e do “mundo livre” e em cada oportunidade Chekov disparava um elogio ou atribuía alguma invenção importante aos russos. Eram tempos perigosos em  que ser acusado de simpatizante dos comunistas era algo muito sério.

Já para o ator Leonard Nimoy, seu personagem era alvo de outro tipo de preconceito. O comandante Spock, era um estranho alienígena de orelhas pontudas que vinha de um planeta estranho chamado vulcano, que muitos associaram ao inferno, fazendo de Spock obviamente um (o) demônio. Sua ausência quase total de emoções acentuava ainda mais as desconfianças daqueles que enxergavam em Star Trek um programa com influências perniciosas e que deveria ser alvo de severa censura, senão cancelado.

A tripulação original da NCC 1701 - Enterprise

A Tenente Uhura,interpretada por Nichelle Nichols, talvez seja o caso mais emblemáticos. Além de mulher, que nos padrões vigentes da época (a série estreou em 1966) ainda estava destinada a ser tão somente a mãe, esposa e dona de casa, era negra, um verdadeiro acinte. Uhura escandalizou muitas socialites americanas ao se apresentar com um figurino mínimo exibindo longas e torneadas pernas na ponte de comando da Enterprise e protagonizando o primeiro beijo interracial da TV americana com William Shatner, vulgo Capitão Kirk, no epsódio Plato's Stepchildren (1968), quando os EUA ainda viviam intensos conflitos raciais cujo ápice foi o assassinato de Martin Luther King naquele mesmo ano.

Será que Gene Roddenberry ao criar este conjunto tão heterogêneo poderia imaginar o alcance que suas idéias teriam? Mais do que ficção científica o futuro desenhado por ele traz elementos que ultrapassam a fantasia e beiram o impossível. Um mundo sem preconceitos e linhas em mapas, onde igualdade etnica, sexual e cultural não é apenas uma idéia abstrata mas o dia-a-dia do ser humano. Somos capazes disso? Ou as outras visões de um futuro apocalípitico e  degradante como Blade Runner ou ainda Planeta dos Macacos se mostrarão mais factíveis a longo prazo?

Ao olharmos para trás a História demonstra que ao passo que o homem evolui tecnológicamente, pouco ou nada se avançou em questões éticas e morais. Ainda somos movidos pelas mesma paixões de nossos antepassados. A ânsia de poder e riqueza que ergueu e derrubou impérios, a vaidade de homens que lideravam as massas em diferentes momentos e lugares, o ódio irrascível inflamado pelas religiões, o medo do desconhecido que enseja a necessidade de nos protegermos a ponto de acreditarmos que o massacre é apenas uma defesa. Ainda hoje vemos esses fantasmas assolarem a humanidade e por mais que sonhemos com um futuro onde esses fatos estejam restritos aos registros históricos, eles ainda são uma mera utopia.

Um comentário:

  1. Caro Ildenicio.

    Não sei se você se importa em ter seus textos plagiados, mas, a julgar pela data de seu post, isso parece ter acontecido. Veja o link:

    http://jornadanasestrelas.com/index.php?pag=noticia&id_noticia=835&id_menu=22

    O que me leva a crer que Jéssia Esteves é a plagiadora foi o fato de ela ter plagiado um texto meu e um do blogueiro lusitano Hugo Cardoso.

    Caso queira mais detalhes, veja os últimos posts domeu blog e do de Hugo:

    http://teianeuronial.com/

    http://hugocardoso.com/

    Atenciosamente.

    ResponderExcluir