terça-feira, 31 de agosto de 2010
O poder do voto
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
História das Américas
Obeliscos lunares
A sonda aí ao lado, chamada Lunar Orbiter 2 foi lançada pelos EUA no dia 6/11/1966; foi a segunda de uma série de 5 sondas idênticas, cuja finalidade principal era efetuar ampla cartografia do nosso satélite, para facilitar a busca dos sítios ideais de pouso das futuras missões Apollo (que pousariam na Lua a partir de 1969). Pesava 385,6 Kg e sua missão durou 339 dias, ao fim dos quais chocou-se contra a superfície lunar em 11/10/1967. Realizou 2.346 órbitas, num ângulo de 11º, com distância mínima de 52 km e máxima de 1.850 km. Retornou um total de 609 fotografias de alta resolução e 208 de média resolução.
No dia 20/11/1966, ela transmitiu a foto de nº LO2-61H3, tirada a 47 km de altitude, quando sobrevoava a borda ocidental do Mar da Tranquilidade (coordenadas 15,5º L e 5,1º N).
A foto acima, mostra uma série de 8 estruturas alongadas, semelhantes a obeliscos, numeradas para melhor visualização. A maior das estruturas (nº 5) mostra uma sombra com 110 m de comprimento; como o Sol encontrava-se a 10,9053º sobre o horizonte, um simples cálculo (comprimento da sombra multiplicado pela tangente do ângulo solar) permite deduzir uma altura de 21,1 m para o obelisco. Há uma incerteza com relação à altura, pela incerteza com relação, principalmente, ao correto comprimento das sombras. Deve-se levar em conta as irregularidades do relevo, bem como a curvatura da superfície lunar. Passaram a ser conhecidas como "Torres de Blair", por causa da profunda pesquisa realizada pelo especialista do Instituto de Biotecnologia da Boeing, William Blair. São artificiais tais estruturas?
A natureza não é pródiga a ponto de erigir obeliscos! Não se conhece nenhum fenômeno geológico, vulcânico ou não, capaz de tal proeza. Seriam restos deixados por alguma humanidade ou colonos temporários que há muito deixaram a Lua?
Que cada um tire sua conclusões. Apenas ressalto que essas "Torres de Blair" constituem apenas uma das muitas estruturas estranhas fotografas por sondas americanas e russas, bem como pelas missões tripuladas do Programa Apollo. Existem outros obeliscos em outros locais, pontes, pirâmides, aparentes ruínas, sem falar em marcas no solo deixadas por veículos não humanos, etc., etc. Certamente não estamos sozinhos neste imenso Universo.
Por Marcelo Valdi Regis.
Superlente gravitacional para estudar energia escura
Reproduzido de http://oglobo.globo.com/blogs/sociencia/
Freira Corintiana
pára de olhar para ela:
- Por que você me olha assim?
Ele explica:
- Tenho uma coisa para lhe pedir, mas não quero que fique ofendida...
Ela responde:
- Meu filho, sou freira há muito tempo e já vi e ouvi de tudo. Com
certeza não há nada que você possa me dizer ou pedir que eu ache
ofensivo.
- Sabe, é que eu sempre tive na cabeça uma fantasia de ser beijado na
boca por uma freira...
A freira:
- Bem, vamos ver o que é que eu posso fazer por você: primeiro, você
tem que ser solteiro, corinthiano e também católico.
O taxista fica entusiasmado:
- Sim, sou solteiro, corinthiano desde criancinha e até sou católico também!
A freira olha pela janela do táxi e diz:
- Então, pare o carro ali na próxima travessa.
O carro para na travessa e a freira satisfaz a velha fantasia do
taxista com um belo beijo na boca daqueles de cinema .
Mas, quando continuam para o destino, o taxista começa a chorar :
- Meu filho - diz a freira - Porque é que está chorando?
- Perdoe-me Irmã, mas confesso que menti: sou casado, palmeirense e
não sou catolico.
A freira conforta-o:
- Deixa pra lá. Estou a caminho de uma festa a fantasia , sou
travesti, me chamo Alfredo e torço pro São Paulo!
--
Ildenicio Vieira dos Reis
http://historiaseoutrasestorias.blogspot.com/
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O Universo
Big Freeze: O universo continuará em expansão até que todas as estrelas se afastem uma da outra e queimem todo seu combustível, no fim não haverá novas estrelas e o universo esfriará lentamente se qualquer condição de sustentar vida.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Em defesa de Brasília II
Certas figuras, nem sempre bem quistas, mas que por aqui aportam despachadas pelos seus correligionários e eleitores que voluntariamente os enviam para exílios de quatro ou oito anos no quase árido Planalto Central, fazem da cidade um misto de circo sem lona e palco de horrores.
Não culpem Brasília se toda a vez que aparecemos no noticiário é para mostrar algum escândalo na Praça dos Três Poderes, afinal só colocamos lá 08 deputados e 03 senadores, 1,56% e 3,70% do total de respeitáveis cidadãos que o País indica para o Legislativo, além disso somos apenas 1,35% do total de eleitores Brasileiros, percentual insignificante para influenciar a corrida presidencial.
Muitas vezes presenciei ataques à cidade e generalizações contra o DF. É só eu abrir a boca para dizer que sou de Brasília e aparece algum engraçadinho para falar que o "povo" de Brasília é isso ou aquilo, que aqui só tem marajá ou ladrão. Sempre defendi e defenderei que aqui também tem muita gente trabalhadora, (modéstia à parte, sou um desses), muitos dos quais sobrevivem com um minguado salário mínimo e que se a política brasileira é corrupta, inepta e vergonhosa, todo o país tem sua parcela de culpa, proporcional à população.
Se alguém quiser se livrar de algum político de sua terra, por favor, mandem-no para qualquer lugar, menos para Brasília.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Em defesa de Brasília I
Uma das peculariedades de Brasília é o fato de não possuir exatamente uma cultura própria. A cultura candanga é na verdade o conjunto de todas as influências recebidas em seus 50 anos. Isso reflete não apenas o movimento migratório iniciado com a construção de Brasília, mas principalmente o caldeirão cultural formado por aqueles que aqui se estabeleceram definitivamente somados aos que estão só de passagem, seja por alguns dias ou alguns meses e até mesmo uns poucos anos.
A transferência da Capital do país para o Planalto Central obrigou, como não poderia deixar de ser, todas as representações diplomáticas a se mudarem para cá, além é claro de escritórios de organismos multinacionais. Junto aos imigrantes nordestinos, aos caboclos, gaúchos, mineiros e cariocas foram incorporadas em Brasília um sem número de outras influências dos quatro cantos do mundo. Só que a mistura dessa variedade tão grande de origens não resultou em uma sopa homogênea e pasteurizada. O resultado foi um quebra-cabeças que ainda precisa ser montado, mas isso não significa que Brasília e os Brasilienses não tenham identidade, significa tão somente que damos valor ao passado que trazemos em nosso sangue e que temos orgulho de sermos a cara do Brasil. A cultura brasiliense emerge desse mar de influências a cada dia.
O Brasiliense, contudo, é mais que a simples soma das infinitas variações regionais que o Brasil apresenta. Aqui se come pão de queijo no café da manhã, não dispensa o arroz com feijão, janta um sushi (para manter a forma), na sexta tem feijoada e no final de semana churrasco. Em festa que se preze o Rock é indispensável, mas todo mundo cai na dança ao tocar um forró e os apaixonados curtem sua dor de cotovelo ao som de duplas sertanejas goianas.
O Brasil está aqui, todas as cores e sabores. No Cruzeiro se cultiva a mais fina tradição do Samba, em Planaltina a festa do Divino. Se tem jogo do Flamengo o estádio lota, se for do Inter, do Cruzeiro, do São Paulo ou ainda dos rivais também. Ao final do Brasileirão tem sempre um monte de candango com a bandeira na mão gritando "é campeão". Essa miscigenação, em grau menor reflexo daquela ocorrida quando da formação do próprio País, já rendeu muitos frutos, mas que ainda estão amadurecendo. A primeira geração de brasilienses nativos ainda sofre em grande medida os impactos dessas muilticuturalidade, ainda tem muita informação para absorver e processar. Essa dinâmica ainda levará tempo para ser digerida. E quando houver finalmente chegado o tempo da degustação desse vinho, será então a hora de se reiventar novamente.
domingo, 15 de agosto de 2010
Serra e a maquiagem política
Serra trilhou um caminho diferente, sempre lutando para se afastar de suas origens, o que não é nenhum demérito do ponto de vista de quem sempre procura melhorar, e nesse ponto se assemelha à história de Marina. O ponto em que as três biografias tomam rumos diferentes, é quando alcançam esse novo patamar. Lula e Marina sempre fizeram questão de se manterem fiéis à sua origem, enquanto Serra sempre buscou se afastar dela para mergulhar mais profundamente na nova classe a qual ascedera.
sábado, 14 de agosto de 2010
Roriz vaiado no Gama (DF)
Fato histórico de 14 agosto
1900 - As embaixadas ocidentais em Pequim foram libertadas por uma força internacional.
1917 - A China declarou guerra à Alemanha e à Áustria e o Papa Bento XV emitiu uma mensagem de Paz.
1919 - Na Alemanha, a Constituição bávara foi revista.
1935 - Nos Estados Unidos, o presidente Roosevelt assinou a Lei da Segurança Social.
1945 - O Japão rendeu-se incondicionalmente aos Exércitos Aliados, a Carta das Nações Unidas foi ratificada pela França e o General Pétain foi condenado à morte.
1958 - Alguns países da NATO reataram as relações comerciais com os países comunistas.
1970 - A Iugoslávia reatou as relações diplomáticas com o Vaticano.
1973 - Os Estados Unidos detinham o bombardeio ao Camboja, tornando oficial o fim de 12 anos de guerra na Indochina.
1974 - A Grécia abandonou a NATO.
1974 - O general Ernesto Geisel é escolhido presidente da República por eleição indireta.
1990 - O programa de televisão Os Simpsons estréia no canal Fox nos Estados Unidos.
1998 - Em Macau, o Procurador do Ministério Público português foi alvo de um atentado.
2000 - Cirurgiões do hospital Edouard-Herriot fazem, pela primeia vez, um duplo transplante de antebraços em um paciente que os havia perdido.
A primeira guerra da humanidade
Mapa da antiga Babilónia |
No século 19 foi encontra nas ruínas da recém-descoberta Lagash uma placa de pedra conhecida como "Estela dos Abutres". Era apenas um fragmento de um monumento muito maior, erguido em homenagem ao líder Eannatum. Na estela é possível observar relevos mostrando várias cenas da guerra Umma. O nome da estela deriva do fato de a mesma possuir entalhes que mostram os soldados inimigos mortos sendo devorados por abutres. Hoje, essa relíquia histórica está abrigada no Museu do Louvre, em Paris.
Assim como assinalei no post “Guerra e Paz” a razão deste conflito foi o mesmo de sempre, rivalidade pelo domínio econômico (a região possuía reservas de madeira, um recurso escasso e valioso, além de cobre e estanho, minérios necessários para produzir o bronze usado em armas e ferramentas agrícolas). Também era importante a questão, territorial e política, uma vez que a Suméria uma das regiões mais populosas naquele período e havia uma intensa disputa por terras aráveis ou acesso à água.
A humanidade dava seus primeiros passos em direção a uma sociedade hierarquizada e urbana, com exércitos treinados e profissionais, ao invés de caçadores. Também era o início de uma dinastia real e do estabelecimento de uma casta sacerdotal que viria se tornar o balizador das relações entre os súditos e os governantes.
Estela dos Abutres - comemora a vitória militar da cidade de Lagash sobre a cidade de Umma, Museu do Louvre. |
Algumas características deste conflito, surpreendentes para o período, são:
- A utilização de carros de combate puxados por animais de carga, provavelmente usados para atropelar o inimigo e provocar o pânico e a fuga das tropas oponentes.
- Há indícios de tropas organizadas, com uniformes de batalha e armamento relativamente padronizado.
- Algum armamentos utilizados derivavam claramente de ferramentas agrícolas da época, como a foice de batalha, cuja lâmina era afiada em ambos os lados.
- Foi provavelmente a primeira batalha em que foram utilizadas técnicas de combate em equipe e estratégia militar.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
A emoção sempre vence
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Melhor negócio do mundo...
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Star Trek - Filosofia e Ciência
O Alferes Pavel Chekov, interpretado pelo jovem Walter Koening, era o improvável navegador de carregado sotaque russo. Embora não destilasse qualquer propaganda comunista na série, sua mera presença já causava assombro. Os russos eram o grande inimigo dos EUA e do “mundo livre” e em cada oportunidade Chekov disparava um elogio ou atribuía alguma invenção importante aos russos. Eram tempos perigosos em que ser acusado de simpatizante dos comunistas era algo muito sério.
Já para o ator Leonard Nimoy, seu personagem era alvo de outro tipo de preconceito. O comandante Spock, era um estranho alienígena de orelhas pontudas que vinha de um planeta estranho chamado vulcano, que muitos associaram ao inferno, fazendo de Spock obviamente um (o) demônio. Sua ausência quase total de emoções acentuava ainda mais as desconfianças daqueles que enxergavam em Star Trek um programa com influências perniciosas e que deveria ser alvo de severa censura, senão cancelado.
A tripulação original da NCC 1701 - Enterprise |
A Tenente Uhura,interpretada por Nichelle Nichols, talvez seja o caso mais emblemáticos. Além de mulher, que nos padrões vigentes da época (a série estreou em 1966) ainda estava destinada a ser tão somente a mãe, esposa e dona de casa, era negra, um verdadeiro acinte. Uhura escandalizou muitas socialites americanas ao se apresentar com um figurino mínimo exibindo longas e torneadas pernas na ponte de comando da Enterprise e protagonizando o primeiro beijo interracial da TV americana com William Shatner, vulgo Capitão Kirk, no epsódio Plato's Stepchildren (1968), quando os EUA ainda viviam intensos conflitos raciais cujo ápice foi o assassinato de Martin Luther King naquele mesmo ano.
Será que Gene Roddenberry ao criar este conjunto tão heterogêneo poderia imaginar o alcance que suas idéias teriam? Mais do que ficção científica o futuro desenhado por ele traz elementos que ultrapassam a fantasia e beiram o impossível. Um mundo sem preconceitos e linhas em mapas, onde igualdade etnica, sexual e cultural não é apenas uma idéia abstrata mas o dia-a-dia do ser humano. Somos capazes disso? Ou as outras visões de um futuro apocalípitico e degradante como Blade Runner ou ainda Planeta dos Macacos se mostrarão mais factíveis a longo prazo?
Ao olharmos para trás a História demonstra que ao passo que o homem evolui tecnológicamente, pouco ou nada se avançou em questões éticas e morais. Ainda somos movidos pelas mesma paixões de nossos antepassados. A ânsia de poder e riqueza que ergueu e derrubou impérios, a vaidade de homens que lideravam as massas em diferentes momentos e lugares, o ódio irrascível inflamado pelas religiões, o medo do desconhecido que enseja a necessidade de nos protegermos a ponto de acreditarmos que o massacre é apenas uma defesa. Ainda hoje vemos esses fantasmas assolarem a humanidade e por mais que sonhemos com um futuro onde esses fatos estejam restritos aos registros históricos, eles ainda são uma mera utopia.
Entrevistas do JN
A Última Nau - Fernando Pessoa
E erguendo, como um nome, alto, o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ancia e de presago
Mystério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Volverá da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minh'alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.
Óleo de Carlos Alberto Santos
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Guerra e Paz
“ | Os animais lutam, mas não fazem guerra. O homem é o único primata que planeja o extermínio dentro de sua própria espécie e o executa entusiasticamente e em grandes dimensões. A guerra é uma de suas invenções mais importantes; a capacidade de estabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior. | ” |
Fatos históricos de 11 agosto
1920 - A União Soviética e a Letónia assinaram o Tratado de Rija
1937 - O ditador iraquiano Bakr Sidqi foi assassinado
1941 - Churchill e Roosevelt assinaram a Carta do Atlântico
1950 - No Congresso de Estrasburgo, Churchill propôs a criação de um Exército Único Europeu
1952 - Hussein foi proclamado Rei da Jordânia
1955 - Na Indonésia, tomou posse um governo dominado por muçulmanos
1965 - Em Los Angeles registaram-se confrontos raciais
1966 - A Indonésia e a Malásia assinaram um acordo de cooperação
1970 - No Líbano, Suleiman Frangié assumiu as funções de Chefe de Estado
1975 - Nas Nações Unidas, os Estados Unidos vetaram a admissão dos dois Vietnames
1977 - Os Estados Unidos renunciaram aos seus direitos sobre o Canal do Panamá
1994 - Em Cuba, foram levantadas as restrições à emigração
O custo do ócio - Parte II
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Por que persiste a Igreja-poder?
Instituições autoritárias possuem uma mesma lógica de autoreprodução. Não é diferente com a Igreja-instituição. Em primeiro lugar, ela se julga a única verdadeira e tira o título de "igreja" a todas as demais. Em seguida cria-se um rigoroso enquadramento: um pensamento único, uma única dogmática, um único catecismo, um único direito canônico, uma única forma de liturgia. Não se tolera a crítica nem a criatividade, vistas como negação ou denunciadas como criadoras de uma Igreja paralela ou de um outro magistério.
Em segundo lugar, se usa a violência simbólica do controle, da repressão e da punição, não raro à custa dos direitos humanos. Facilmente o questionador é marginalizado, nega-se-lhe o direito de pregar, de escrever e de atuar na comunidade. O então Card. Joseph Ratzinger, Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, em seu mandato, puniu mais de cem teólogos. Nesta mesma lógica, pecados e crimes dos sacerdotes pedófilos ou outros delitos, como os financeiros, são mantidos ocultos para não prejudicar o bom nome da Igreja, sem o menor sentido de justiça para com as vítimas inocentes.
Em terceiro lugar, mitificam-se e quase idolatram-se as autoridades eclesiásticas principalmente o Papa que é o "doce Cristo na Terra". Penso eu lá com meus botões: que doce Cristo representava o Papa Sérgio (904), assassino de seus dois predecessores ou o Papa João XII (955), eleito com a idade de 20 anos, adúltero e morto pelo marido traido ou, pior, o Papa Bento IX (1033), eleito com 15 anos de idade, um dos mais criminosos e indignos da história do papado, chegando a vender a dignidade papal por 1000 liras de prata?
Em quarto lugar, canonizam-se figuras cujas virtudes se enquandram no sistema, como a obediência cega, a contínua exaltação das autoridades e o "sentir com a Igreja (hierarquia)", bem no estilo fascista segundo o qual "o chefe (o ducce, o Führer) sempre tem razão".
Em quinto lugar, há pessoas e cristãos com natureza autoritária, que acima de tudo apreciam a ordem, a lei e o princípio de autoridade em detrimento da lógica complexa da vida que tem surpresas e exige tolerância e adaptações. Estes secundam esse tipo de Igreja bem como regimes políticos autoritários e ditatoriais. Aliás, há uma estreita afinidade entre os regimes ditatoriais e a Igreja-poder como se viu com os ditadores Franco, Salazar, Mussolini, Pinochet e outros. Padres conservadores são facilmente feitos bispos e bispos fidelissimos a Roma são promovidos, fomentando a subserviência. Esse bloco histórico-social-religioso se cristalizou e garantiu a continuidade a este tipo de Igreja.
Em sexto lugar, a Igreja-poder sabe do valor dos ritos e símbolos pois reforçam identidades conservadoras, pouco zelando por seus conteúdos, contanto que sejam mantidos inalteráveis e estritamente observados.
Em razão desta rigidez dogmática e canônica, a Igreja-instiuição não é vivida como lar espiritual. Muitos emigram. Dizem sim ao cristianismo e não à Igreja-poder com a qual não se identificam. Dão-se conta das distorções feitas à herança de Jesus que pregou a liberdade e exaltou o amor incondicional.
Não obstante estas patologias, possuimos figuras como o Papa João XXIII, Dom Helder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Luiz Flávio Cappio e outros que não reproduzem o estilo autoritário, nem apresentam-se como autoridades eclesiásticas mas como pastores no meio do Povo de Deus. Apesar destas contradições, há um mérito que importa reconhecer: esse tipo autoritário de Igreja nunca deixou de nos legar os evangelhos, mesmo negando-os na prática, e assim permitindo-nos o acesso à mensagem revolucionária do Nazareno. Ela prega a libertação mas geralmente são outros que libertam.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Maturar
Como para de implicar com o blefador, que continua o mesmo, com o pão-duro, que só piora, com o teimoso, que insiste mais em suas opiniões, mesmo se estiverem furadas. Descobre que o engraçado tem novas e mais sofisticadas tiradas, e que a risada dele continua estremecendo o baralho. Descobre que a ressaca do uísque é melhor do que a da pinga, que prosecco e champanhe são só para brindar, que o vinho tinto argentino melhora a cada safra. Descobre que a comida deve vir com pouco sal e a salada, com muito azeite. Descobre que tomate e maçã fazem bem e embutidos, mal. Que queijos magros são mais aconselháveis do que aquele brie ou emental. Descobre que em inauguração de restaurante não se come, e que em lançamento de livro o vinho branco é alemão.
Descobre que aquela mulher por quem você foi apaixonado continua apaixonante, e o deixa sem graça toda a vez que olhares se cruzam. E mesmo que ela tenha se casado com seu inimigo, com quem teve quatro filhos, continua irresistível, e você fica sem graça ao lado dela como se ainda tivesse 16 anos, e ela sabe disso, e você não sabe por que enrolou tantas décadas em por que você não a seqüestrou logo quando se conheceram na escola.
Quando você envelhece, descobre que todas as suas ex merecem carinho, um presente, um almoço, ou até um simples conselho, um telefonema eventual, um e-mail, talvez, perguntando se está tudo bem, se precisa de ajuda. E descobre que o fim da história mal resolvida não tem explicação. E se ela perguntar um dia se você entendeu as decisões dela, você devolve: "De ter me largado? Não, e você entendeu?" Sabe o que ela dirá? "Também não."
Descobre que os filhos quando crescem não têm nada a ver com os pais nem se encaixam nas projeções, comparações ou expectativas criadas na infância. Descobre que, mesmo filiado a uma geração que quebrou tabus e diminuiu o gap entre pais e filhos, os segundos nunca entenderão os primeiros, haverá um conflito que parece ser a força motriz das relações: o novo nega o antigo, o dominante perde espaço, o gene é aprimorado.
Você descobre que a moda da sua adolescência volta. Com outros pingentes e significados. A roupa não vem com a simbologia contestatória ou alienante, nem com a mesma trilha musical ou discussões existenciais. A bata que você usou no passado vira moda novamente, mas não se cantam as mesmas músicas, nem se debatem os mesmos dilemas. A roupa volta sem conteúdo ideológico.
Descobre que as modas seguem um princípio dialético que se repete. O beat veio pra contestar o acomodado anterior. E sempre vem algo pra conservar. O hippie veio pra contestar, a disco veio pra acomodar, o punk veio pra contestar, o yuppie veio pra acomodar, o dark, pra contestar, o new wave, pra acomodar, o grunge, pra contestar, o clubber, pra acomodar, o britpop, contestar, o emo, acomodar.
Mas, de repente, ao envelhecer, você descobre que tais conceitos são relativos, como tudo, que o cara da discoteca queria dançar, como o cara da onda new wave e clubber, que há contestação no ato de pular e dançar com roupas coloridas em momentos obscuros, e há acomodação no paz e amor o hippie, que produziu o pseudo-acomodado punk niilista e autodestrutivo.
Quando você envelhece, lê cada vez menos matérias que falam de saúde ou milagres da medicina. Porque você sabe que já afirmaram que café faz mal, e já afirmaram depois que faz bem, o mesmo com o sal, o mesmo com o vinho, já aconselharam comer uma castanha-do-pará por dia e já desaconselharam, o mesmo com a pílula de alho, complexos vitamínicos, aspirina, Ginkgo biloba, até açaí. Depois de ser banida de todas as listas de dietas aconselháveis, agora dizem que carne vermelha faz bem. Que vitamina C não cura gripe, todos sabem, mas todos continuam tomando e apostando nela.
Se você está nos entas, já deve ter parado de fumar, trocou a Coca pela água com gás, e sabe que está na hora de aprender para que servem alguns botões do DVD ou comandos do celular, e sabe que está na hora de começar a ler manuais de aparelhos que estão cada vez mais sofisticados. Ler com óculos de leitura, óbvio.
Você sabe que envelheceu quando confunde giga com mega, ainda diz liquidação, em vez de sale, não sabe se o trema foi abolido, usa ASA e não pixel, descobre que as letras das bulas ou dos rótulos são em outra língua e ilegíveis, e que ler cardápio à luz de velas é desesperador.
Lamenta que o Brasil de fato não tem jeito, não cresce, é resistente a mudanças, é conservador, evita discutir temas como aborto, eutanásia, descriminalização da maconha, união homossexual, tem dificuldades em se enquadrar no time de países progressistas, e que a desigualdade só aumenta, a corrupção, idem, as favelas, idem, sabe que antes da Copa do Mundo tem aquela barulheira ufanista, e que se o Brasil perde vão procurar um culpado e terá até CPI, sabe que brasileiro não sabe perder no futebol, que continuarão a invadir gramados, e nunca ninguém será preso, que muitos camelôs venderão contrabando ou falsificados, que na apuração do carnaval vai rolar briga e protestos, na novela alguém será assassinado, outro descobrirá que não é filho de quem pensa que é, que um teminha polêmico, tipo casal do mesmo sexo se beijando, será debatido por colunistas e reprovado por religiosos.
A vantagem de envelhecer? Retirar da vida expectativas que só a tornam mais complicada e descobrir que no fundo ela é também engraçada.
Marcelo Rubens Paiva