segunda-feira, 11 de outubro de 2010

História do Rio de Janeiro - O Hospício de Pedro II

Com o início do século XIX, o tratamento de doentes mentais ingressou
em nova fase, seguindo o trabalho desenvolvido por Philippe Pinel no
hospital Salpêtrière, em Paris. Com abordagem mais humana, os grilhões
foram retirados e os doentes saíram do confinamento. A estranheza da
razão com relação à loucura continuou, é certo, mas pelo menos com
menos violência física.

A nova postura emulou iniciativas semelhantes no mundo todo, e entre
nós a primazia coube à Santa Casa de Misericórdia que, através do
provedor José Clemente Pereira, propôs a construção do primeiro
hospício de alienados do Brasil. Com o apoio do imperador D. Pedro II,
as obras iniciaram em setembro de 1842, ficando pronta a obra dez anos
depois.

O local escolhido ficava na Chácara do Vigário Geral, propriedade da
Santa Casa, na Praia Vermelha, à qual foram acrescentados outros
terrenos. O belo prédio, projeto do arquiteto Domingos Monteiro,
recebeu em dezembro de 1852 os primeiros pacientes, ficando os homens
do lado direito e as mulheres à esquerda. A rotina dos internos
incluía trabalhos manuais, os quais supriam várias necessidades
internas da instituição.

O Hospício de Pedro II foi retirado da jurisdição da Santa Casa em
1890, tornando-se "Hospício Nacional de Alienados", entrando em
decadência, até ser resgatado por Pedro Calmon que, a partir de 1948,
conseguiu incorporá-lo à Universidade do Brasil, hoje UFRJ, salvando-o
da destruição certa nas mãos dos eternos oportunistas de ocasião.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mapas Antigos

O ser humano produziu mapas mundi antes da última era do gelo mostrando a Antártida desprovida de gelo, provavelmente com o auxílio de Vimanas.
O descobrimento dos mapas se remonta a 9 de novembro de 1929 quando o palácio Topkapi, em Istambul, foi transformado em museu de antigüidades e seu diretor, B. Halil Eldem, encontrou dois fragmentos de um mapa traçado pelo marinheiro Piri Reis, navegante turco do século XVI. Os fragmentos correspondiam a uma extensa coleção composta por 210 mapas parciais com o título genérico de "Livro dos Mares" e datados nos anos 1513 e 1528.



O fragmento de 1513 inclui Grã-bretanha, Espanha, África Ocidental, parte da América do Norte e da América do Sul (incluído o Amazonas e o Golfo da Venezuela) e a costa da Antártida até uma zona por debaixo da África. Por estar rasgado, se suspeita que deva conter também o resto da Europa, Ásia e inclusive Austrália.

O mapa datado de 1528 abarca a Groenlândia, a Península do Labrador, Terranova, parte do Canadá e toda a costa oriental da América do Norte, chegando à Florida.



Segundo as anotações que deixou nos mapas, Piri Reis disse que confeccionou seus mapas utilizando 20 velhos planos e 8 mapas-múndi que se encontravam na Biblioteca Imperial de Constantinopla e que foram confeccionados supostamente na época de Alexandre Magno (356 a.C. - 323 a.C.), de modo que mapas feitos no século XVI nos trasladam de golpe a outros mapas muito mais antigos (!).

Segundo o professor Hapgood, muitos dos mapas custodiados no século XVI nesse recinto haviam chegado até ali graças a marinheiros fenícios. "Temos evidência-assegura Hapgood – de que eles consultaram-nos e estudaram-nos na grande Biblioteca de Alexandria e que essas compilações foram feitas por geógrafos que trabalharam ali".



Muitos têm sido os estudiosos destes mapas e numerosos são todavia os que pretendem desvendar o mistério que encerram.

Em meados dos anos 50 algumas cópias destes mapas foram parar com o cartógrafo norte-americano Arlington H. Mallery, especializado em antigas cartas marinhas há décadas. Arlington Mallery solicitou a colaboração de seu colega Walters, do Instituto Hidrográfico da Marinha dos Estados Unidos.

Já de entrada, Walters observou a exatidão das proporções e distâncias entre o Antigo e o Novo Mundo, assim como a localização das ilhas Canárias e dos Açores.

Ambos investigadores observaram que Piri Reis não utilizou as coordenadas habituais de seu tempo, considerou realmente que a Terra era redonda e o teve em conta ao traçar seu mapa.



Para poder estudar mais a fundo e com o máximo detalhamento os mapas de Piri Reis, decidiram fabricar uma espécie de rede que lhes permitiria ler as dimensões do antigo mapa e poder transferir a escala a um moderno globo terrestre. 
Qual não seria sua surpresa ao descobrir que não só os contornos da costa americana, mas também os da Antártida, correspondiam com toda exatidão aos que hoje conhecemos graças à ciência moderna. Milímetro a milímetro se comparou o mapa de Reis com os perfis de terra submarina obtidos pelos mais modernos meios científicos: aerofotografia, tomadas subaquáticas com câmaras de raio infravermelhos, sondas acústicas enviadas de barcos... Com todos estes dados nas mãos, se deduziu que uns 11.000 anos antes (final da Era Glacial), existiu a dita ponte continental entre a América do Sul e a Antártida.



Comentar também que os perfis costeiros, ilhas, baías, e promontórios do continente Antártico estão representados nos mapas de Piri Reis com uma exatidão excepcional de perfis, mesmo que há muitos milhares de anos estão ocultos sob uma grossa camada de gelo.

Durante o ano de 1957, também se interessou pelos mapas o padre Lineham, antigo diretor do observatório astronômico de Weston e cartógrafo da Marinha Estadunidense. Sua conclusão foi a mesma: "os mapas (especialmente a zona da Antártida) são incrivelmente precisos, chegando a oferecer dados que a nós unicamente nos constam depois das expedições antárticas que suecos, britânicos e noruegueses levaram a cabo em 1949 e 1952".



O grande veterano da cartografia, professor Charles H. Hapgood, se entregava por sua vez ao estudo dos mapas de Piri Reis. 
Em uma das cartas recebidas por Hapgood da Força Aérea dos EEUU, encarregada de cartografar a Antártida, se anotava o seguinte: "As linhas costeiras tiveram que ser cartografadas antes que o continente ficasse coberto pelo gelo. Nessa região a capa de gelo alcança cerca de uma milha de espessura (1609,344 metros - ou 1,6 km). Não temos a menor idéia de como esses dados puderam ser anotadas no mapa com apenas os conhecimentos geográficos de 1513".

Entre todos os investigadores que estudaram os mapas chegou-se a uma conclusão assombrosa: os mapas de Piri Reis só puderam ser confeccionados baseando-se em fotografias aéreas, tomadas a uma extraordinária altura, com alguma espécie de satélite como os utilizados na atualidade.

Obviamente, se isso era impossível de se pensar nos primeiros anos do século XX, como pode ser que foram realizados nos tempos de Alexandre Magno?, E se foi assim, com que informação se contou no século IV a.C. para poder confeccionar mapas tão perfeitos sem uma tecnologia só desenvolvida em finais do século XX?



Um "pequeno detalhe", denunciado até à saciedade pelo cientista espacial francês Maurice Chatelain, tende a assentar esta tese. Segundo Chatelain, a deformação que apresentam as linhas das costas no mapa de Piri Reis obedece a que esta carta "representava uma projeção plana da superfície esférica da Terra tal e como poderia ser vista hoje por um astronauta situado a uma grande altura sobre o Egito".



Efetivamente. Uma foto de satélite tomada a 4.300 kilometros sobre a vertical do Cairo mostraria, exatamente, essa deformação das costas... O que tem permitido aos cientistas do calibre de Chatelain supor que o mapa de Piri Reis é, em verdade, uma cópia de enésima geração de um mapa antiqüíssimo realizado desde a vertical da moderna cidade das pirâmides de Gisé.



Seja como for, a precisão do mapa de Reis não se detém aí. O Almirante turco posicionou em sua longitude e latitude corretas a América do Sul e a África. Empresa, por certo, nada fácil se levarmos em conta que até o século XVIII nossos marinheiros não podiam calcular com precisão as longitudes, por carecer de cronômetros que ofereciam margens de erro de poucos segundos. Não obstante, e para ser equânimes, deve-se reconhecer que Piri Reis cometeu certos "erros", como repetir duas vezes o curso do rio Amazonas ou o de ignorar a existência do rio Orenoco.



Sobre o primeiro, o professor Hapgood atribui a "falha" a que o Almirante copiou de mapas distintos duas vezes o mesmo rio; e o demonstra argumentando que se bem que um destes Amazonas recorre a ilha de Marajó em seu delta, o outro não o faz porque está baseado numa carta de uns 15.000 anos, quando todavia Marajó estava unida ao continente... Enquanto ao Orenoco, Hapgood desculpa a Piri Reis argumentando que, em lugar deste rio, o Almirante desenhou dois profundos entrantes no continente que deveriam se transformar no rio há também milhares de anos (!).

Mas as surpresas não acabam aqui. Ao observar-se detidamente os mapas de Piri Reis, pode-se ver que entre a América do Sul e a África existe uma grande ilha denominada "Antilhia" (que não existe na atualidade) rodeada de outras ilhas de menor tamanho. E já que temos visto que os mapas de Piri Reis não são fruto da casualidade, não será esta ilha a famosa Atlântida de Platão?



As rotundas afirmações de Hapgood cortam o alento ainda mais de duas décadas depois de ser formuladas. De fato, recentemente, idêntica tese tem sido retomada pelo periodista e historiador Graham Hancock em sua obra "Fingerprints of the Gods", onde pretende demonstrar que faz mais de 2.000 anos habitou a Terra uma cultura muito desenvolvida, científica e tecnologicamente. Seu livro, que tem merecido toda classe de críticas por haver passado ao largo de investigações prévias de expertos como Sitchin ou Von Däniken, conduz até outros mapas antigos que beberam das mesmas misteriosas fontes documentais que Piri Reis e que recorrem as mesmas cartografias "impossíveis" subglaciais da Antártida, assim como costas em sua época ainda não descobertas.



O exemplo mais destacado é o mapa antártico de Oronce Finé, traçado em 1531. Sua descrição do continente gelado se ajusta quase totalmente às cartografias da Antártida desenvolvidas a partir de seu descobrimento oficial em 1818. E é que Finé passou muito perto, pois não só desenhou detalhes de suas costas não descobertas até datas recentes, senão que localizou corretamente o lugar do Pólo Sul, traçando seu mapa graças a cartas necessariamente elaboradas, sempre segundo o professor Hapgood, "quando as costas deviam estar livres de gelo".



Hapgood ficou fascinado com este mapa. Levou cópias do mesmo ao doutor Richard Strachan, do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), para sua análise, confirmando que Finé copiou sua carta de outras anteriores e que as originais mostram o perfil dos rios antárticos com o aspecto que deviam apresentar há seis milênios, antes que os depósitos de sedimentos modificassem parte de seu aspecto.



Mas Finé não foi o único a copiar estes misteriosos "mapas-mãe". Um contemporâneo seu, apelidado Mercator - e o que muitos identificam com o célebre cartógrafo Gerard Kremer –, traçou um Atlas em 1569 no que localizava com precisão lugares descobertos muitos séculos mais tarde, como o Mar de Amudsen ou o Mar de Bellinghausen. O certo é que Mercator teve laços muito estreitos com o Egito, chegando inclusive a visitar a Grande Pirâmide em 1563. E não seria descabelado supor que, fruto dessas conexões, Mercator obteve os "mapas-mãe" (ou cópias dos mesmos, perdidas hoje) que lhe serviram de documentação para sua obra. Uma obra, por certo, que serviu de guia duzentos anos mais tarde a Philippe Buache, um cartógrafo oitocentista que também desenhou a Antártida - desta vez em sua totalidade – desprovida de gelo. Um mapa que, por certo, não pode "imitar-se" até que os cientistas obtivessem novos dados deste continente em 1958, por motivo do Ano Geofísico Internacional.



Não são os dados contidos nestes mapas um indício mais que sólido da existência de um saber muito anterior ao que admite a História, localizado na região do Nilo? A resposta a esta interrogação só pode ser afirmativa… 

Disponível em Portal/Revista Vigília

Destino

O que determina a sorte (ou a falta dela) na vida das pessoas? O que é, exatamente, o destino? A complexidade do assunto é grande, pois envolve religião e espiritualidade, um pouco de Teoria do Caos, Física quântica, cosmologia, Teoria dos Jogos, etc.

Como já especulavam cientistas, como David Bohm e Carl Pribram, vivemos num mundo holístico, onde tudo se interelaciona como uma grande rede. O nosso cérebro é holístico (essa palavra é grega, de hólos = todo) e, de fato, quanticamente falando, a fronteira que separa um corpo do ambiente que o cerca é extremamente tênue. Os elétrons dos átomos da parte mais externa de minha pele se intercambiam com os elétrons dos átomos de nitrogênio e oxigênio do ar ao meu redor. Por isso o chamado 'efeito borboleta', ao afirmar que o bater de asas de uma borboleta sobre o Pacífico pode provocar uma tempestade no Atlântico. Entre as inúmeras alegorias do filósofo grego Platão (428-347 a.C.), há um curioso relato chamado 'o conto de Er, o Panfílio'. Está no diálogo República e explana a história de Er, um cidadão da Panfília (hoje, na Turquia) que teve uma EQM (experiência de quase-morte). Ele retornou à vida quando já era levado à pira incineratória (aliás essa história parece muito com outra que conheço, de autoria de Plutarco de Queronéia; a quem interessar, possuo o relato em grego koinê). Ao acordar, Er contou o que viu do outro lado. O mais interessante do relato é o que acontecia com as almas que precisavam retornar à vida.

Antes de prosseguir, para maior clareza no relato, gostaria de falar um pouco sobre a geografia do Érebo, tal como era aceita pelos gregos. O Érebo era o local dos mortos; um conceito um pouco diferente do que temos atualmente, entre as religiões cristãs, pois era um território físico, todo debaixo do solo. Tenho razões para crer que essa idéia seja oriunda do tema Atlântida, pois a palavra Érebo, vem de uma antiquíssima raiz pré-indoeuropéia, que significa 'o que fica no extremo ocidente' (inclusive é daí que provém a palavra Europa). Ora, para os europeus, o que ficava no extremo ocidente era o Atlântico e sua mítica ilha, onde vicejava grandiosa civilização, e que, ao afundar, veio a ser sinônimo de 'morada dos mortos'. O passar do tempo levou ao esquecimento das verdadeiras origens e à transposição desse território para o subsolo grego. O Érebo era uma imensa planície, dividida em 5 setores, separados por rios. O rio Aqueronte era o primeiro avistado pelas almas. Era nele que navegava o barqueiro Caronte, para quem deveria ser pago o preço de 1 óbolo, para que ele transportasse a alma até o outro lado do rio. Por isso, os gregos tinham o costume de colocar um óbolo sob a língua do recém-falecido, para garantir sua travessia. O Aqueronte possuía um afluente, chamado Cocito, formado pelas lágrimas das almas que haviam esquecido o óbolo e ficavam condenadas a permanecer o resto da eternidade do lado de cá.

As almas que atravessavam o rio, se deparavam com o local do julgamento, onde residiam os juízes Minos, Radamanto e Sarpedão (ou Éaco, por outras versões); mais ao fundo, ficava o palácio de Hades (o Plutão dos romanos), o deus do submundo, onde morava com sua esposa Perséfone, palácio vigiado pelo cão de três cabeças, Cérbero. O julgamento determinava o destino da alma; a depender do peso de seus pecados, ela era encaminhada para um de três locais possíveis: o Tártaro, local de suplício para os maus; os Campos Asfódelos, onde as almas não tão más se purificavam; e os Campos Elísios, para onde iam as boas almas, os heróis e semi-deuses. Essas regiões eram separadas entre si por outros dois rios: o Estige e o Flegetonte. Há indícios de que tais regiões tenham originado os conceitos católicos de Céu, Purgatório e Inferno. Lembremos que entre os primeiros cristãos, uma proeminente ala era a dos gnósticos, cuja teologia era de origem neo-platônica, como, por exemplo, Orígenes.

Feitos esses esclarecimentos, retornemos ao relato de Er. Foi-lhe concedida a permissão para observar o que acontecia com as almas nessa imensa região. Platão, nesse relato, introduziu uma interessante variação: para os gregos, o Érebo era morada eterna. Para Platão, era apenas uma temporada, antes do retorno ao mundo material. Por isso, ele menciona a existência de um quinto rio, chamado Letes, o rio do esquecimento, diante de outra planície, onde residiam o deus Destino e suas assistentes, as Moiras (Parcas dos romanos). Destino espalhava no chão uma imensa quantidade de fichas, cada uma correspondente a um modo de vida; assim, havia a ficha 'vida de pescador', outra 'vida como rei', 'vida de guerreiro', 'vida como um cego', etc., etc. Às almas era concedido o direito de escolher qualquer ficha que quisessem. A ficha escolhida era pendurada no pescoço e, a partir daí, ela não poderia mais trocar de ficha. Por isso a escolha tinha de ser cuidadosa, pois, uma vez no pescoço, a alma era imediatamente puxada pela primeira Moira, Cloto (a que dava início ao fio da vida); a segunda, Láquesis, era a que direcionava a trama do fio, de acordo com a ficha que a alma escolhera. E a última, Átropos, era a que cortava o fio, determinando a morte da pessoa. Logo que Cloto iniciava a tessitura, a alma mergulhava no rio Letes e, ao sair do outro lado, não lembrava mais de nenhuma de suas vidas anteriores. Entrava em novo útero e iniciava sua nova vida.

O retorno à uma nova vida chama-se palingenesia (do grego 'palin' = novamente + 'genesis' = nascimento) e era conceito aceito por muitos povos antigos, especialmente os indianos e egípcios. Entre os egípcios, há o impressionante relato contido no chamado 'papiro de Anana', de cerca de 1.200 a.C. Há indícios, também, de que o batismo em água seria um rito inspirado na idéia do mergulho no rio Letes. Entre os judeus, especialmente os de origem essênia, esse rito era, aliás, feito literalmente em um rio.

Para os muçulmanos, destino traduz-se pelo conceito 'maktub', o determinismo divino. É um conceito radical, segundo o qual nossos destinos dependem única e exclusivamente da vontade de Alá. Os fatos da vida muitas vezes levam a pensar dessa forma: alguém morre em um acidente aéreo; porque ele tinha de morrer daquela forma? Porque, outro indivíduo, que estaria no vôo, atrasa-se por qualquer razão, e escapa do acidente? Se sou assaltado em determinado local, sei que poderia não ter acontecido, se tivesse passado por ali apenas 1 minuto antes, ou 1 minuto depois, ou tivesse escolhido outro trajeto. Porque escolhi aquele trajeto, naquele exato instante? Para os muçulmanos, Alá é quem determina tudo isso. Sou apenas uma marionete. Outras filosofias afirmam que nossas mentes é que detém esse poder. Cabe a você apenas saber utilizá-la. Para Platão, seria uma mescla das duas coisas.

Por Marcelo Valdi Régis [Adaptado]

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

História do Rio de Janeiro - A Pedreira da Candelária

Dentre os muitos templos antigos do Rio de Janeiro, um se destaca pela imponência do porte e riqueza. A Igreja da Candelária, nascida como simples ermida no início do século XVII, iniciaria um processo de transformação desde 1775, resultando no conhecido prédio atual. A necessidade pela principal matéria-prima dessa obra, a pedra, produziria um efeito inesperado, a mudança do nome de uma rua afastada, no bairro do Catete.

A obra da Igreja da Glória do Outeiro, no início do século XVIII, levou à abertura de uma pedreira em local próximo, junto ao morro no final da rua Pedro Américo, conhecida então como Pedreira da Glória. Essa atividade estimulou a ocupação da área, sendo aberto a seguir um novo caminho, chamado de rua do Quintanilha, proprietário das terras por onde esta passava.

Os trabalhos da Candelária abriram nova frente na extração da pedra, escolhendo-se um sítio em trecho próximo ao Largo do Machado. Como esperado, o nome da via acabou mudando em referência à atividade, que servia à construção do majestoso templo, passado a se chamar rua da Pedreira da Candelária, nome que permaneceu por mais de cem anos.

Transformando-se em importante via de acesso, paralela à rua do Catete, tornou-se uma das mais conhecidas desta região, plenamente ocupada com moradias, além de vigoroso comércio. Rebatizada como Bento Lisboa em 1917, continua extremamente ativa e popular hoje em dia, em que sua ligação com a obra da Candelária é quase desconhecida.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Genro de ministro do STF pediu 4,5 milhões a Roriz



Nas gravações, o genro do ministro diz que sua assinatura e o papel timbrado de seu escritório na representação feita por Roriz ao STF levariam seu sogro, Ayres Britto, a se declarar impedido. Segundo as regras regras vigentes, ter o genro como advogado de uma das partes é motivo bastante para que um ministro se declare impedido. Roriz dá a entender na gravação que, caso permanecesse na votação, Ayres Britto seria contrário ao seu pleito. A conversa entre os dois não prosperou. Dias depois, na madrugada de sexta-feira 24, o Supremo Tribunal Federal encerrou a sessao de votação do recurso de Roriz com um empate, 5 a 5. Ayres Britto votou contra Roriz. Diante do impasse, na manhã seguinte o candidato ao governo do Distrito Federal renunciou a favor de sua mulher, Weslian.

As eleições e suas características específicas

Estamos chegando ao primeiro turno das eleições presidenciais. Ela acontece no dia 3 de outubro, domingo próximo. Cada eleição é uma eleição, com suas especificidades. O processo que estamos vivendo não é diferente e apresenta um volume inusitado de características novas em relação aos últimos pleitos. A lista é grande. Vamos a ela.

O primeiro aspecto é o fato de que nunca na história recente um presidente da República teve tanto poder de influenciar o processo eleitoral. Lula, contrariando muitos, escolheu Dilma Rousseff e está prestes a elegê-la em primeiro turno com base em seu imenso prestígio popular e graças ao sucesso do seu governo, em especial nas áreas econômica e social.

Destaco, também, o inusitado grau de adesão do PMDB à candidatura governista. Desde o início o PMDB esteve alinhado com algumas posições. Pensou em atrair Aécio Neves para ser seu candidato. Não conseguiu. Pensou em apoiar José Serra, mas desistiu. Enfim, marchou para apoiar Dilma, apesar de algumas dissidências pontuais em São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Outro fato inusitado foi a liderança de José Serra durante a fase de pré-campanha. Mesmo não sendo o favorito para vencer a disputa, Serra liderou a maior parte do tempo. Foi ultrapassado pela candidata governista somente após o início da campanha, quando Dilma foi apresentada como a candidata de Lula. O paradoxo de que a ex-ministra era a favorita – por conta da popularidade do presidente – mas não liderava a corrida pelo Planalto intrigou e confundiu muitos analistas experientes.

No campo econômico, as novidades são inúmeras. Nunca tivemos tamanhas reservas em moedas internacionais. Tampouco vivemos um processo eleitoral presidencial com tão baixa volatilidade cambial. Pelo contrário, ao longo do processo, o Real apenas se valorizou diante das demais moedas. O risco país pouco oscilou.

No exterior, a disputa eleitoral despertou inusitada atenção. Em outras eleições, a preocupação era com a adoção de medidas econômicas inconsistentes. Hoje, a expectativa é que o Brasil promova um ciclo sustentável de desenvolvimento.

Voltando ao ambiente interno, outro aspecto inusitado foi o fato de que a maior oposição ao governo veio da grande imprensa. A oposição não conseguiu criar um discurso sólido que justificasse a troca de comando do país. O PSDB, em 2002, jogou no lixo o seu maior patrimônio – o Plano Real – e tornou-se um partido sem referência.

Desde as eleições de 1982, quando o escândalo Proconsult colocou a mídia no centro do debate eleitoral, nunca a imprensa foi tão comentada. Nas últimas semanas, inconformada com os rumos da campanha, parte dela tratou a eleição de Dilma como uma ameaça à liberdade de imprensa. Nem mesmo nos tempos do mensalão houve uma atitude tão beligerante contra o PT.

O processo eleitoral deste ano trouxe outra novidade: a emergência do lulismo, objeto de várias reflexões. Destaco duas personalidades que tratam do tema: Merval Pereira, talvez o mais qualificado oposicionista a Lula no Brasil de hoje, e André Singer, que analisa o assunto sob uma perspectiva mais favorável.

Porém, nada é mais inusitado do que a aliança que se formou em torno do governo e que deseja a continuidade. Já abordei o fato em outro artigo e, mesmo sem citar os nomes dos candidatos, expliquei a dinâmica que impulsionava Dilma.

A aliança a que me refiro envolve todos aqueles que se sentem bem com o atual governo. É uma aliança informal, uma espécie de maioria silenciosa que deseja que o bom momento social e econômico prossiga nos próximos anos.

Murillo de Aragão Fonte:Blog do Noblat, acessado em 30/09/2010

Roriz, o macaco, a fraude e a piada do palhaço

Sebastião tinha 1m52 de altura, 70kg de peso e 34 anos quando morreu de diabetes, na véspera do Natal de 1996.

Oito anos antes quase conquistara a prefeitura do Rio de Janeiro, a segunda maior capital brasileira, arrebatando mais de 400 mil votos do esclarecido eleitorado carioca. Foi o terceiro mais votado entre 12 candidatos.

Se tivesse vencido, não seria empossado. A família Hominidae, da qual Sebastião fazia parte, não tinha nenhuma tradição política. Ele fazia parte de uma espécie, os pan troglodytes, popularmente conhecida como chimpanzé.

Carinhosamente aclamado pelas crianças como 'Macaco Tião' no Zoológico do Rio, ele foi a invenção política mais divertida do Casseta & Planeta, antigo programa humorístico da Rede Globo. Sebastião ganhou a eternidade no livro Guinness de recordes como o chimpanzé mais votado do mundo.

O 'Macaco Tião' é o deboche escancarado na política brasileira, que apela para o bizarro quando leva o eleitor ao voto de protesto fantasiado pela ironia, pelo bom humor e pela graça.

Isso já acontecera no final dos anos 50, nas eleições municipais de São Paulo, quando alguém se impressionou com uma praga hoje felizmente extirpada do território brasileiro: o baixo nível dos 450 candidatos que disputavam então uma vaga na Câmara Municipal.

Antecipando em três décadas o 'Macaco Tião' carioca, lançou-se em São Paulo a candidatura a vereador do rinoceronte 'Cacareco', do Zoo da capital paulista, numa época em que cada eleitor escrevia o nome de seu candidato numa cédula de papel. Cem mil paulistanos tiveram a pachorra de escrever no seu voto o nome do mamífero chifrudo e de casca mais grossa que a maioria da fauna política nacional. 'Cacareco' foi o nome mais sufragado da eleição de 1959, superando sozinho os 95 mil votos do partido mais consagrado nas urnas.

'Tião' e 'Cacareco' representam a face divertida e moleque da política.

Weslian, 1m70 de altura, 76kg de peso e 67 anos, é a faceta sem graça, a cara do escárnio, o lado mais debochado a que chegou a política em Brasília, a capital de 190 milhões de brasileiros, supostamente o centro mais esclarecido de uma multidão de 135 milhões de eleitores.

Da família Roriz, grife de um clã político que governou o Distrito Federal em quatro mandatos, num total de 14 anos, Weslian fez sua retumbante e tardia estréia nas eleições de 2010 na noite de terça-feira (28), no debate da Rede Globo com os candidatos a governador, quando faltava menos de uma semana para o pleito de 3 de outubro.

Weslian entrou no jogo eleitoral pela porta dos fundos: foi apontada na sexta-feira (24) pelo marido, o ex-governador Joaquim Roriz, que na véspera viu o Supremo Tribunal Federal empacar (5 votos contra 5) no julgamento em que ele tentava escapar dos efeitos sanitários da Lei da Ficha Limpa, que cassou Roriz por envolvimento e renúncia em um escândalo de corrupção.

Com o cálculo político da esperteza, Roriz imaginou enganar a lei e iludir os eleitores trocando seis por meia dúzia. Renunciou preventivamente e botou no lugar a mulher, dona Weslian, uma simplória dona de casa, companheira de 50 anos de casamento e dedicada a obras de cunho social e benemerente. Assim, mantinha o nome Roriz na tela de votação e o número da coligação, o que reviveu o mote de um antigo seriado de TV: o 'Casal 20'.

A frieza de carrasco de Roriz ficou evidente no debate da Globo, quando expôs a mulher a um dos mais sórdidos espetáculos de auto-imolação já encenados na política brasileira.

Weslian, coitada, surgiu no estúdio, patética e apatetada, tentando interpretar o papel que o marido lhe empurrou, goela abaixo, exibindo toda a fragilidade de um projeto político esfacelado pelo advento da Lei da Ficha Limpa. Honrada e despreparada, Weslian tropeçava na gramática, no raciocínio, no noviciado e na improvisação, trocando perguntas, confundindo candidatos e espantando a grande maioria dos 1,8 milhão de eleitores da capital brasileira.

Não soube nem mesmo administrar as dezenas de folhas, perguntas e respostas preparadas pela assessoria de Roriz, perdendo minutos preciosos tentando localizar a 'cola' salvadora. Não conseguiu nem mesmo usar, na plenitude, o tempo precioso reservado às perguntas e respostas. Não se fazia entender na hora de perguntar, não conseguia compreender a questão na hora de responder. Ao tentar responder uma pergunta sobre 'transporte público', dona Weslian lembrou que o candidato do PT, ex-comunista, não acreditava em Deus e devolveu com uma pertinente questão: "O senhor é contra o aborto?".

Foi uma das cenas mais constrangedoras e pungentes de toda a campanha eleitoral de 2010, em qualquer quadrante do Brasil.

O desamparo e o abandono de dona Weslian, jogado às feras da política pelo marido impiedoso e insensível, desatou uma imprevista corrente de piedade para com a inesperada candidata, filha de um rico fazendeiro de origem libanesa que pastoreava o cerrado do Planalto no quadriláteiro que, anos depois, JK, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer demarcariam para encravar a futura capital brasileira. Misericordiosos, os três candidatos adversários – do PT, PSOL e PV – fizeram perguntas entre si, poupando a criatura de Roriz, que tropeçava em seus papéis, em suas frases, em suas idéias inacabadas.

Weslian, cristã e católica fervorosa, invoca sempre Deus e Nossa Senhora, lembrando que acompanhou de perto a vitoriosa carreira do marido. "Ele sabe administrar uma fazenda como ninguém", confessou no debate, fazendo uma involuntária metáfora sobre o estilo que o Casal 20 agora evoca nos últimos momentos do programa eleitoral de rádio e TV, com seu lema de campanha: "Weslian vai trazer de volta o jeito Roriz de governar".

Mais do que a fraude explicitada pela manobra esperta do marido, Weslian encarnava, no estúdio refrigerado da Globo, o personagem ridículo e subalterno que joga no chão a política brasiliense. Uma proeza nada desprezível para uma cidade que já viu desfilar figuras inusitadas, folclóricas, divertidas ou lamentáveis como Fernando Collor, Cacique Juruna, Severino Cavalcanti, Paulo Maluf, Clodovil, Roberto Jefferson, Agnaldo Timóteo, José Roberto Arruda e o próprio marido de Weslian, o implacável Joaquim Roriz.

A fauna política que teima em habitar o bioma do Cerrado é gerada, em boa parte, pela flacidez das leis e pela tolerância ou pelo bom humor do eleitor que, na falta de um 'Macaco Tião' ou de um 'Cacareco', acaba descobrindo utilidades inesperadas ou debochadas para o seu voto. Agora mesmo, as previsões mais modestas apontam o palhaço 'Tiririca' como um dos campeões de voto para a Câmara dos Deputados, virtualmente eleito com quase um milhão de votos pelo PR de São Paulo, o que seria a maior votação do país.

Ao contrário do Supremo, que decidiu não decidir no julgamento de Roriz, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF resolveu, na tarde desta quarta-feira (29), brecar o truque do ex-governador, vetando toda a propaganda de rua e os programas de rádio e TV que exaltam o Casal 20, um flagrante desrespeito à lei e um claro embuste da renúncia voluntária e programada de Roriz. Ele não poderá mais aparecer ao lado da mulher, como fiador, conselheiro ou sequer 'amado esposo' da candidata inventada de última hora para escapar da lâmina afiada da Lei da Ficha Limpa.

Não existem evidências de que Joaquim Roriz inveje o quociente intelectual ou a vestimenta colorida de 'Tiririca'. Mas a desastrosa aparição de Weslian na corrida eleitoral e no debate da Globo reforçam a suspeita de que Joaquim Roriz vê os habitantes de Brasília com o nariz vermelho de palhaços, como aqueles que acreditam que "a política, pior do que está, não fica". Com a ajuda do ex-governador, sabe-se, sempre poderá ficar.

No domingo, dia 3, os eleitores conscientes da capital brasileira terão a chance de devolver esta piada sem graça, cravando seus votos em quem merece.

Não precisam nem eleger o macaco ou o rinoceronte. Basta repudiar a fraude.

Luiz Cláudio Cunha é jornalista, eleitor em Brasília e não vota em palhaço.
Fonte:Blog do Noblat
http://oglobo.globo.com/noblat

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Um país muito peculiar

O Brasil é realmente um país dos mais interessantes.
Eu não perderia esta campanha eleitoral por nada.
Temos um presidente em final de segundo mandato, com 80% de popularidade, que ao que tudo indica vai eleger sua sucessora em primeiro turno. Mas ele não está feliz. Vocifera contra tudo e contra todos.
Os empresários estão felicíssimos. Jamais ganharam tanto dinheiro. Os banqueiros não conseguem parar de rir. Mas Lula se diz vítima do preconceito das elites.
José Dirceu, alto comissário petista, depois de municiar a imprensa durante anos com dossiês, sigilos bancários e fiscais de adversários, faz discurso contra o excesso de liberdade de informar e sobre a necessidade de controlar a mídia.
Jornalistas, que deveriam ser os primeiros a defender a liberdade de expressão, abriram a sede de seu sindicato em São Paulo, para que as centrais sindicais realizem um ato público... contra parte da imprensa.
Ah, estarão presentes os tais "blogueiros progressistas". Todos sustentados por dinheiro público.
Enquanto isso, intelectuais fazem o seu papel. E qual é ele? Assinar manifestos. Desta vez, contra o autoritarismo de Lula e em defesa da democracia.
O mais curioso é que lideram as assinaturas fundadores do PT como Hélio Bicudo, vice-prefeito na gestão de Marta Suplicy, e entusiastas do PT, como o arcebispo d. Paulo Evaristo Arns.
Mas a democracia não está sendo ameaçada.
Instituições funcionam, eleições vão ser realizadas, a campanha vai de vento em popa, o STF está julgando a validade da Lei da Ficha Limpa.
Mas intelectual exerce uma função relevante. A de alertar a sociedade.
E se não bastasse, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, que exerceu papel importantíssimo em épocas passadas, realiza um painel sobre "A democracia ameaçada".
É bem verdade que o Clube Militar sempre liderou a turma que ameaçava a democracia. Menos mal que agora esteja querendo defendê-la.
É ou não é um país interessantíssimo? Eu não trocaria por nenhum outro.

Lucia Hippolito é cientista política, historiadora e jornalista, especialista em eleições, partidos políticos e Estado brasileiro. É comentarista política da Rádio CBN e da Globonews. É âncora do CBN Rio.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Roriz - Saída pela direita!

A manobra de Roriz, ao anunciar a candidatura de sua mulher ao Governo do Distrito Federal, é clara. Ele se mantém no controle do GDF na hipótese de sua mulher conseguir o milagre de se eleger. Ainda que tenha muitos problemas na reta final de campanha, não é absurdo crer que a quase totalidade dos eleitores de Roriz deverão transferir seu voto quase que automáticamente. Contudo, em última análise, ao desistir de aguardar a resolução do STF, postergada indefinidamente na madrugada do dia 23 para 24, Roriz acusa o golpe e decreta a fragilidade de sua defesa. Roriz é ficha suja, mas não se pode ficar dependendo do judiciário, o eleitor precisa ter consciência de que um indivíduo que responde a mais de 140 processos judiciais e renunciou ao mandato de Senador para fugir da cassação não pode ser uma pessoa idônea e digna de voto.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O meu voto

Não vamos nos iludir, não existem santos na política, isso vale para todos os lados, situação, neutros e oposição. De Lula a Fernando Henrique e etc. e esse privilégio também não é nosso. Política é política em qualquer lugar do mundo, a distinção está na maneira como lidamos com os políticos, seus escândalos e suas incoerências. Isto dito podemos avaliar de forma menos apaixonada e mais racional a atual onda de denuncismo que permeia a mídia brasileira. Os mais recentes escândalos brasileiros são a quebra de sigilo fiscal de dezenas de brasileiros (não foi apenas a filha e o genro de algum político) e o tráfico de influência por parte pessoas ligadas à Casa Civil.

Chamo isso de onda de denuncismo porque ao que tudo indica, independentemente da veracidade dos fatos, todos esses casos foram cuidadosamente maturados para serem deflagrados durante a campanha eleitoral. Embora esse porém não inocente ou amenize a culpa de qualquer um dos envolvidos, é preciso atentar para o fato de que se trata sim de uma manobra eleitoral. Clara e evidente. Ou seja, a análise que cada eleitor deve fazer é a seguinte: O que é mais importante para um candidato receber a honra (sim um voto é uma concessão do eleitor àquele que ele julgar merecedor) do meu voto? O passado político? Suas realizações? O que fulano ou beltrano disse? O que sicrano fez?

Sejamos práticos e racionais ao votar, pois a emotividade não costuma acertar muito. Não se deve votar por simpatia, se assim o fosse votaríamos todos em Silvio Santos. Assim como votar em Tiririca apenas para fazer barulho é um voto de protesto sem eco, votar em alguém ou deixar de votar por causa do que terceiros fizeram ou deixaram de fazer é um voto vazio.

O voto deve expressar opinião própria. Nesse sentido defendo o que é um princípio básico da justiça: Cada qual é responsável pelos seus atos. Denúncias como as que citei anteriormente devem ser investigadas, culpados devem ser punidos, a César o que é de César.

Se o meu colega de trabalho, que se senta diariamente ao meu lado, comete uma infração qualquer no decorrer do exercício de suas funções, em que isso pode me ser imputado? Esse posicionamento não é um posicionamento inocente ou pueril, trata-se de coerência. Não aceito ser responsabilizado por atos de terceiros e não conheço ninguém que o aceite. 

Isto posto, posso então sim decidir em quem votar, não pelo noticiário, mas pela razão, pelo desempenho da economia do país, pelos trabalhos executados nos plenários estaduais e federal, pela segurança (ou falta dela) na minha cidade, pelo asfalto e pelo pedágio das estradas por onde passo, pelo retorno que recebo pela minha contribuição ao meu país. É com base na realidade que escolherei em quem votar, discursos apaixonados não me seduzem, profetas do apocalipse não me impressionam e tampouco os derrotistas conformados me arrastarão com eles.

Eu sou um patriota, ainda que hajam poucos de nós, nós fazemos nossas escolha com base no presente para buscar um futuro cada vez melhor.  Esse futuro não virá nessa eleição, sua construção é gradativa e contínua e precisa de perseverança e paciência, mas acredito que ele é possível. Nós, o povo brasileiro, não desistiremos disso.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Roriz adimite que é faveleiro

Que dia é hoje?

Desde a mais remota antiguidade, os curiosos observadores do céu perceberam que havia 5 objetos celestes que vagavam entre as estrelas. Dois luminares grandes e 5 pequenos. Dos grandes, um preside o dia o outro preside a noite. Cada povo nomeou-os conforme sua língua. Os sumerianos denominavam-nos Apsu e Kingu, os acadianos, Utu e Nannar, os babilônios, Shamash e Hadad, os egípcios, Rá e Hathor, os gregos, Hélios e Selene, os romanos, Sol e Lua (Solis e Luna, em latim). Os 5 menores receberam nomes de deuses: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno (em grego, Hermes, Afrodite, Ares, Zeus e Chronos).

Os sumerianos foram os que primeiro criaram o que chamamos calendário. Calendário é nome de origem grega, proveniente do verbo 'kalew', que significa 'chamar', 'convocar', em referência à convocação feita pelos sacerdotes, conclamando o povo para anunciar o primeiro dia de cada mês, correspondente à lua nova. O mês foi dividido em semanas (nome que vem do latim, significando 'sete manhãs'), cada um com 7 dias. Porque 7 dias? Justamente para manter a correspondências com os 7 astros que se locomoviam no céu. Por isso, no calendário latino, os nomes dos dias eram:

  • dies Solis (dia do Sol, depois renomeado dies Domini, dia do Senhor, iniciativa do primeiro imperador cristão, Constantino I, no ano 325 d.C.)
  • dies Lunae (dia da Lua) 
  • dies Martii (dia de Marte) 
  • dies Mercurii (dia de Mercúrio)
  • dies Jovis (dia de Júpiter)
  • dies Veneris (dia de Vênus) 
  • dies Saturni (dia de Saturno, depois renomeado dies Sabatum, dia do Sábado, da palavra hebraica Shabbatum, descanso)
Os povos do norte da Europa, mais avessos à cristianização, mantiveram os nomes pagãos até hoje, em sua totalidade. Por isso, em inglês, por exemplo, domingo continua Sunday (dia do Sol), seguido pelo dia da Lua (Monday), dia de Tyr (Tuesday), o deus da guerra germânico, correspondente ao Marte romano; dia de Wotan ou Odin (Wednesday), o Mercúrio deles; dia de Thor (Thursday), o Júpiter deles; dia de Freya (Friday), a Vênus deles; e o dia de Saturno (Saturday).

Os povos do sul europeu adotaram a nomenclatura latina que alterou os nomes dos dias do Sol e de Saturno, mantendo os demais. Por isso, até hoje, em espanhol, por exemplo, segunda é Lunes, terça é Martes, quarta é Miércoles, quinta é Jueves, sexta é Viernes e sábado, Sabado.

Porque, só em português, esses nomes pagãos se perderam?

Obra do bispo Martinho de Dume (518-579), que cristianizou os suevos, povo germânico acantonado na Galícia, após a queda do Império Romano, local de onde se originaria o futuro reino de Portugal. Ele era deveras rigoroso e, em seu ministério, proibiu terminantemente, o uso dos nomes dos antigos deuses, mesmo para os 5 dias entre o domingo e o sábado. Resolveu então, numerá-los de acordo com antigo sistema romano de 'feria': Feria secunda, feria tertia, feria quarta, feria quinta, feria sexta). Isso foi formalizado no Concílio de Braga, no ano 563.

Marcelo Valdi Régis

Serra se irrita e ameaça deixar entrevista de TV

Em gravação do programa Jogo do Poder, da CNT, o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, se irritou com perguntas sobre a quebra de sigilos de tucanos e pesquisas e ameaçou deixar a entrevista.
O candidato disse que eles "estavam perdendo tempo falando daqueles assuntos", enquanto podiam dar ênfase aos programas de governo dele.
Após a apresentadora Márcia Peltier citar que a quebra de sigilo teria acontecido em 2009, antes do anúncio das candidaturas à presidência, Serra subiu o tom:
- Que antes da candidatura, Márcia? Nós estamos gastando tempo aqui precioso, estamos repetindo os argumentos do PT, que você sabe que são fajutos, estamos perdendo tempo aqui.
Márcia tentou contemporizar, mas não conseguiu acalmá-lo. "A candidata do PT virá aqui?", perguntou. Após a afirmativa de Márcia, ele retrucou: "então, pergunta para ela".
"Agora nós vamos falar sobre programas", tentou prosseguir a apresentadora. Neste momento, Serra levantou-se e ameaçou sair do estúdio. Tentando arrumar o fio do microfone, disse: "eu não vou dar essa entrevista, você me desculpa".
Márcia insistiu dizendo que eles falariam de programa de governo, mas ele se manteve firme. "Faz de conta que eu não vim". "Mas porquê, candidato?", disse, ainda sentada. "Porque não tem nada a ver com pergunta, não é um troço sério. (...) Apaga aqui". "O que o senhor quer que apague?", perguntou Márcia. "Apague a TV pra gente conversar".
Márcia pediu que as câmeras fossem desligadas e as luzes do estúdio apagadas, mas Serra continuou falando: "porque isso aqui está parecendo montado". "Montado para quem? Aqui não tem isso", defendeu a jornalista.
O candidato voltou a reclamar da pauta das perguntas - que até então, havia se fixado nos acessos fiscais e sobre as pesquisas. "Me disseram que eu ia falar de política e economia".
Depois de conversar reservadamente com Márcia e o apresentador Alon Feuerwerker, Serra voltou ao estúdio e respondeu a questionamentos sobre economia, saúde e saneamento básico.
Ao final da gravação, Serra foi questionado pelos jornalistas que estavam no local sobre sua irritação. O candidato negou ter se irritado e afirmou que apenas estava "com estômago ruim" porque não tinha tomado café da manhã.

Presente de Grego

Nos bastidores do debate da RedeTV!, o candidato do PSDB a presidente da República, José Serra, ganhou um presente de Sabrina Sato:

- Um azulzinho genérico para te ajudar a subir – disse a repórter do Pânico na TV ao candidato tucano.

Serra agradeceu, mas garantiu que não precisa:

- Eu não tomo. Mas o dia que eu precisar, sei que tem.

A campanha pautada pela mídia

Se agosto é o mês do desgosto e este correra em água morna, setembro fez-se presente, reavivando o que antes eu afirmei nesta publicação ser o espírito da UDN em busca de um salvador "mar de lama" a quem acusar.

Existente ou não, o estilo lacerdista aflorou e o ex-governador de São Paulo começa a atuar como Serra, vindo com tudo. Meu argumento parte de um fato contumaz. Nesta disputa eleitoral são as empresas jornalísticas que pautam os temas da campanha e não ao revés.

Como o acaso não é o fator determinante na política, exponho algumas dúvidas de fundo quanto aos tempos de produção jornalísticos empregados. Para mim, o intrigante nestas peças de acusação moral (a localizada na Receita e agora, mais recentemente, na Casa Civil) através de canhões midiáticos, é sua temporalidade.

Traduzindo. Ocorrendo o escândalo da quebra de dados sigilosos em abril e setembro de 2009, por que os mesmos se tornam munição de campanha agora? Poderíamos afirmar o fato midiático como "requentado"?

Vejamos o caso dos dados sigilosos. Se a quebra de sigilo é corriqueira (podendo ser comprados em camelôs do Centro de São Paulo) e sendo atingidos no episódio a quase duas centenas de brasileiros, por que os nomes elencados como "alvos" são os do alto tucanato ou parentes do candidato do PSDB?

Outra possibilidade, digna de um livro-reportagem do genial jornalista argentino Rodolfo Walsh, é supor a manobra inversa. Esta parte da premissa que teria havido a quebra de sigilo intencional por motivos políticos. E, para forjar o argumento de uma estórica cobertura, atingem nomes de gente vinculada e anônimos, como possibilidade de manobra diversionista, cobrindo os rastros eleitorais.

A conjectura acima é algo perfeitamente possível e, segundo qualquer manual de inteligência, tal fato é mais que comum. A única evidência é de que os acusados de haver violado os sigilos fiscais são ou foram filiados ao PT. Já os reais mandantes, se é que existe um ou mais coordenadores da ação, estes continuam encobertos.

Não entro no mérito se há ou não critério de relevância da notícia, porque o tema é importante. Assim como tem relevância e impacto a suposição de possibilidades de tráfico de influência a partir de relações familiares por dentro da Casa Civil, sendo esta denúncia matéria de capa de Veja, edição de 11 de setembro de 2010 e com a manchete "O polvo no poder".

O que coloco em debate é a temporalidade desta pauta. Qualquer pessoa não leiga em comunicação e política sabe que os enunciados, antes de virem a público, são fruto de larga negociação e relações de força. Que o diga a Operação Castelo de Areia!

Soa no mínimo "curioso" estarem estas pautas em manchetes garrafais justamente no momento em que Dilma apontava para a vitória já em primeiro turno. Também transparece a mesma "curiosidade" o fato da matéria de capa da revista semanal Carta Capital, edição número 613, com o título "Quem bisbilhota quem" não ter tido a mesma repercussão nos telejornais.

Até pode ser alegado que o impacto da revista semanal do grupo Abril no meio do jornalismo profissional é maior do que a publicação de Mino Carta. Mas, prefiro a hipótese de que a proximidade das linhas editoriais e preferências políticas (porque todos nós as temos) seja o critério de definição dos textos de escalada dos noticiários televisivos e das manchetes em mídia impressa e eletrônica.

Concluo com algumas evidências. Ambos os lados têm episódios nebulosos em seus governos e aliados comuns mais do que comprometedores. Diante disso, a gravidade dos fatos perde seu poder de chocar. Isto se dá por três razões. Primeiro, porque as campanhas são personalistas, não há instrumento de identificação coletiva que ultrapasse a idéia básica da "turma da fulana" ou "turma do fulano".

Segundo, boa parte dos fulanos e beltranos que foram governo tanto na Era FHC como agora no final dos oito anos de Lula, assim seguirão sendo, ganhe quem ganhar. Por fim, o eleitorado se comporta de forma pragmática e, estando superado o índice de rejeição, deixa as reputações e a moral para um segundo plano.

Bruno Lima Rocha é cientista político www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@gmail.com

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Bibilioteca Nacional de Brasília

Biblioteca.jpg

A Bibilioteca Nacional de Brasília foi aberta ao público em 12 de dezembro de 2008 e conta com um acervo de cerca de 100.00 exemplares (ainda nem tudo catalogado), fica junto ao Eixo Monumental e faz parte do Complexo Cultural da República. Durante algum tempo, foi conhecida como "a biblioteca sem livros", pois a construção permaneceu por algum tempo sem acervo e fechado à visitação. Hoje localiza-se em seu 4° andar o Espaço do Pesquisador, com acervo cedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, CNPq e IBICT. O edifício monumental faz parte do conjunto projetado por Oscar Niemeyer, que é composto pela Biblioteca e pelo Museu Nacional Honestino Guimarães.

phoca_thumb_l_espao%20clic.jpg

O prédio abriga espaços para estudos individuais ou em grupos, hall de exposições, espaço infantil e acesso gratuito a internet, entre outros. O acesso a internet é feito no espaço clic, salão com cerca de 50 computadores onde o estudante pode navegar livremente pela internet. No último dia 04/09 estive lá para estudar enquanto aguardava meu filho que participava de uma gincana no Colégio Objetivo. Era minha primeira visita à Biblioteca Nacional e estava acompanhado de minha esposa, Andréia. A primeira vista o local impressiona pela magnetude, mas o primeiro choque veio logo ao sair do saguão de entrada e entrar no Espaço Clic, primeiro salão à esquerda, todas as pedras do piso encontravam-se soltas, como pode ser observado na foto abaixo.


Picture 2010-09-06 11_39_56.png

Para um prédio recém-inaugurado, foi surpreendente a constatação do péssimo acabamento do piso, além de desconfortável o risco de se sofrer um acidente é enorme. Algumas das placas chegam a ficar cerca de 2 cm em desnível com as demais, e ao se pisar nelas se deslocam, ou sejam ou você corre o risco de tropeçar em uma ponta levantada ou de se desequilibrar com o constante sobe e desce das pedras de granito, reiterando ainda que isso se aplica a todas as pedras do piso do salão.

Passado o susto procuramos um lugar para sentar e estudar. Foi difícil se concentrar em algo com o barulho dos passos dos frequentadores, por mais cuidadosos que fossem. Além disso o lugar não dispõe sequer de ventilação, quanto mais de ar condicionado, o que torna o ambiente extremamente sufocante. Não tivemos sequer ânimo para conhecer as demais áreas, ao cabo de cerca de duas, sofríveis, horas de estudo decidimos por abandonar o local.

A proposta de um espaço público como o idealizado é excelente, mas nos causa repulsa o mau uso do dinheiro público em uma obra tão importante. O piso, de granito negro soberbo, foi mau cortado e mau colocado, sujeitando os usuários da biblioteca a risco de acidentes graves, e o responsável por eles será o GDF, que administra o local e que foi o responsável pela obra. O calor no local também é de deixar qualquer um abismado, não é possível que não se tenha concebido que em uma cidade como Brasília, famosa pelo calor e falta de umidade, a necessidade de ventilação e refrigeração, ainda mais de um ambiente cheio de computadores.
--
Ildenicio Vieira dos Reis