quarta-feira, 10 de julho de 2013

1ª parte da travessia

Muito embora eu tenha abandonado este blog muito antes, meramente por falta de tempo, ultimamente o que mais tenho tido é tempo!  E isso não é necessariamente uma bênção, ou até talvez seja, como disse anteriormente é tudo uma questão de ponto de vista. Para explicar melhor tenho de voltar no tempo, mais precisamente ao dia 04/11/2011, sexta-feira. É óbvio que até esse dia muita coisa já havia acontecido na minha história, mas vou me abster de muitos detalhes que não vão acrescentar muita coisa, basta dizer que eu estava no ápice de uma situação de extremo stress emocional devido à minha separação.

Nesse dia em particular, após o almoço e uma nova briga pelo telefone eu me dirigia para algo que para mim era até um alívio àquela altura, uma reunião de equipe! Não me lembro mais o assunto, até porque a cabeça estava bem longe. Só me lembro do mal-estar, a princípio muito similar à uma cólica renal. Não aguentei chegar ao final da reunião e por volta das 16h pedi a um amigo, Waldomero Aranda Filho, que me ajudasse e me levasse a um hospital.

Como naquela época estava morando no Sobradinho, cidade satélite de Brasília, optei pelo hospital Santa Helena, no final da Asa Norte. Não conhecia e nunca havia estado ali, foi mero acaso, ou não. Ao fim da noite acabei ficando internado em observação, com um diagnóstico de infecção urinária, ao que fui liberado no dia seguinte, sábado. Novamente os amigos me socorreram, pois a alta hospitalar ocorreu quando estava recebendo a visita de uma outra amiga de trabalho, Liége Greff, que me deu uma carona pra casa.

Aqui agora vai um trecho da história que ninguém conhece, à minha família já aviso logo, não contei a ninguém por três motivos, primeiro não deu tempo, segundo, depois de tudo não queria deixar ainda mais apavorada minha mãe, e terceiro e último, acho que isso nem me pareceu importante depois dos eventos que vieram na sequência.

Pouco mais de 1h depois de chegar em casa fui acometido de uma forte dor no peito, falta de ar e desorientação. Acreditei mesmo que estava infartando e por alguns segundos nem sequer consegui reagir. Não sei quanto tempo durou, talvez uns 30s, pareceu uma eternidade. Depois de um tempo amenizou e consegui pegar o celular e chamar uma ambulância. Fui levado pro Hospital Regional do Sobradinho, o eletrocardiograma não acusou nada e depois de medicado fui novamente liberado. Alguém vai brigar comigo por só estar falando isso agora e aqui.

Mas, desgraça pouca é bobagem e no domingo, dia 06/11 de manhã cedo fiz uma caminhada e fui ao Hospital Santa Helena, pegar os resultados dos exames que havia feito lá no sábado de manhã antes da alta. Os exames também não deram em nada, mas já que estava no caminho havia um churrasco na casa de um terceiro amigo, Edvaldo Araújo! É, depois de tudo isso, nada melhor que o cheiro de carne assada para relaxar. Tudo bem, evitei a cerveja, mas não a carne e o refrigerante. No final do churrasco o Edwaldo se prontificou a me dar uma carona pra casa.

Segunda-feira de volta ao batente, e com a dorzinha voltando a incomodar, trabalhei o dia inteiro na raça mesmo, só eu sei! A noite foi um tormento e aí não teve jeito, na manhã do dia 08/11, terça-feira voltei ao hospital, desta vez acabei no Prontonorte, mas devido às circunstâncias fui encaminhado de volta ao Santa Helena. Lá a Clínica Médica resolveu então pedir uma tomografia computadorizada do tórax, exame feito voltei pra casa, afinal eram 11h da manhã e o resultado só sairia às 16h.

Outro detalhe nessa história toda, tirando as três caronas que recebi e o curto passeio na ambulância do SAMU, todos os demais trajetos foram feitos de ônibus, só quem viajou no busão da famigerada Viplan, imagina do que estou falando.

Enfim, retornei ao Santa Helena para pegar o resultado da TC, a médica (um anjo que não me recordo o nome) já havia encerrado o expediente e fui atendido por outro médico. Quando ele viu o resultado ficou mais que pálido, me mandou deitar numa maca e saiu correndo procurando outro médico, demorou um pouco até eu ter alguma noção do que estava acontecendo.Cerca de 30 minutos depois veio o primeiro angiologista me comunicar o diagnóstico de Dissecção Aórtica e me informar da necessidade de cirurgia.

Hoje não tenho mais muitos detalhes, foi muito rápido, atropelado e junto com os medicamentos e a dor, algumas lembranças são meio confusas. Uma coisa é certa, na falta de alguém com que contar o jeito foi ligar para minha (ex-)esposa. Esse crédito eu tenho de lhe dar, afinal ela veio até o hospital mesmo estando brigados e me acompanhou durante algum tempo. Paralelamente também avisei minha família, todos à época já estavam morando em Goiânia e foi uma correria só.

No início da madrugada do dia 09/11 eu já estava sendo operado para substituição da Aorta Ascendente por um tubo de Dacron pré-coagulado. A cirurgia foi realizada pelo Dr. Ricardo Barros Corso auxiliado pelo Dr. Isaac Azevedo Silva. A despeito do sobrenome longe de ser um corsário, o Dr Ricardo aceitou realizar a cirurgia mesmo não estando atuando junto ao meu convênio médico. A cirurgia e o material utilizado custaram à época mais de R$ 450 mil, mas isso é um detalhe (pelo menos para mim). Esses detalhes só vim a saber bem mais tarde, neste ponto tive outra ajuda importante, Marco Antônio de Souza Costa, à época Gerente Executivo da Cassi.

Não vi túneis ou luzes, não ouvi vozes, não me vi fora do corpo e não me encontrei com nenhum parente falecido. Nada disso que as pessoas costumam relatar em situações como essas. Apaguei quando aplicaram a anestesia assim que entrei na sala e só acordei na UTI no dia seguinte (eu acho!?).

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