sexta-feira, 26 de março de 2010

Brasília Urgente

A história da política de Brasília é o próprio DNA da cidade. Nascida unicamente para ser a capital do país, para a maioria dos brasileiros Brasília é sinônimo de política, e diga-se a verdade, no Brasil política é sinônimo de tudo que não devia ser, corrupção, bandalheira, negociatas, isso apenas para usar palavras mais leves, mas  a boca pequena os termos usados são bem piores. Contudo, a cidade vai muito além da Praça dos Três Poderes e da Praça do Buriti, os centros de decisão nacional e local respectivamente. Além do Plano Piloto, como é chamado o avião de Niemeyer, há outras 23 cidades-satélites, que apesar de algumas possuirem quase toda a estrutura necessárias não possuem autonomia administrativa.

Esse conjunto singular, que vive em profunda simbiose, abriga cerca de 2,5 milhões de habitantes que, ao contrário do imaginário popular, não é composto apenas de políticos, marajás e afilhados políticos, a grande maioria dos que aqui vivem não difere em nada dos demais brasileiros, trabalhadores, estudantes, donas-de-casa, desempregados ou sub-empregados, que lutam para sobreviver a cada dia com o suor de seu rosto. Nessa massa 1,5 milhões estão registrados como eleitores, que ainda patinam quando o assunto é eleger políticos assim como todos nós brasileiros que ainda votamos em figuras como Paulo Maluf, José Sarney, entre outros, aqui a nossa cruz atende pelo nome de Joaquim Roriz.

Junto com Roriz vem o seu séquito, do qual o atual Governador em interino e candidato à Governador tampão, Wilson Lima faz parte.Esse grupo, que se instalou no Governo do Distrito Federal desde o primeiro mandato de Joaquim Roriz como governador biônico, com uma breve lacuna durante o governo de Cristóvam Buarque, mantém ainda o controle sobre a Câmara Legislativa, o Tribunal de Contas e demais órgãos da administração direta e indireta do GDF. O mesmo grupo que está diretamente envolvido no caso do mensalão do DEM e em diversas outras maracutaias investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

Não se pode esperar de que saia um pano limpo de um balde cheio de água suja. A eleição indireta para o cargo de governador do Distrito Federal só irá produzir um remendo roto no aniversário de 50 anos da cidade, sorte tem JK que não está vivo para assistir algo tão patético. A despeito da importante conquista da autonomia política, somente a intervenção Federal poderá dar alguma legitimidade e isenção à política local até que venha um novo governador eleito pelo povo, seja ele quem for. Não digo isso por achar que o Presidente Lula seja alguém que possa, através desse ato, solucionar todos os nossos problemas e varrer os maus políticos do DF, mas por acreditar que a única saída a essa altura do campeonato é literalmente "dar um tiro no galinheiro" e fazer sair pela porta dos fundos, aqueles que acham que podem tripudiar por sobre o cidadão, com desculpas esfarrapadas e "meias" verdades, desculpem o trocadilho.

Eu e minha esposa somos filhos de candangos e aqui vivemos, estudamos e trabalhamos. Essa cidade, que embora não seja o Rio de Janeiro é maravilhosa, guarda em cada cantinho um pedaço diferente do Brasil. Em suas ruas planejadas passam diariamente cariocas, paulistas, gaúchos, bahianos, cearenses, mineiros, acreanos. Todo o Brasil está aqui, representado na política no Congresso Nacional, representado na sociedade em sua população multicultural. Mas a despeito disto, temos vergonha da política daqui, tanto ou mais do que o resto dos brasileiros às vezes sentem da política nacional. Apesar de tudo o meu orgulho ainda se inflama quando, em visita a outro estado, ouço dizer que em brasília "só tem ladrão". Não senhoras e senhores, não confundam nossa classe política com nossa cidade e nossos cidadãos.

O Brasil precisa recuperar seu amor próprio e seu orgulho, para isso precisa recuperar seu orgulho pela magnífica e grandiosa capital, tão nova e desconhecida. A intervenção será um passo nesse caminho, o próximo passo será lutarmos, de forma semelhante ao que foi a luta pela redemocratização, por projetos como a ficha limpa e por celeridade em processos como os da operação Satiagraha. Conclamo os Brasileiros, quem sabe faz a hora.

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